Michael Oneill
Desde os primórdios da fotografia, os fotógrafos têm
sido inevitavelmente atraídos pela face humana. Do alto de uma carreira de 25
anos, na qual recebeu varios premios e encomendas da industria, Michael
O"Neill sentiu aquela atração em nivel quase que visceral por mudança.
Então, num repentino chamado, desiste e passa os próximos 5 anos no que poderia
ser chamado "transplante de gênero" radical. Como um dos mais
respeitados fotógrafos de sua época na arte exata da natureza morta, comercial
e editorial, passa a exercitar sua profissão baseado na empatia entre a matéria
e o fotógrafo. Começou então sua carreira novamente, agora como fotógrafo de
retratos. Tendo aparecido no fim dos anos 60, na órbita de Avedon, Hiro, Penn e
Karsch, através de um tipo de sistema de associação de interesses, onde a
lembrança coletiva de seus mentores o ligavam diretamente de volta à Steichen,
Hoyninguen-Huene, Horst, Beaton e Brodovitch, O'Neill realmente teve uma
compreensão intuitiva de como se aproximar de seus modelos. Seus primeiros
fotografados foram Andy Warhol e Richard Nixon, que deixaram O"Neill
surpreso com sua humanidade espontânea, totalmente em desacordo com sua imagem
de paria total da esquerda americana. A partir daí, fotografou todos os
presidentes americanos.
Nas décadas seguintes O"Neill foi fotógrafo
colaborador do New York Times, Rolling Stones, Life, The New Yorker, Esquire,
Vanity Fair, Time e inúmeras outras publicações, produzindo fotos icônicas de
personalidades famosas do século XX. O trabalho que produziu com seu estilo único
de fazer retratos recebeu o mesmo reconhecimento que seu trabalho anterior como
artista de propaganda e comerciais. Os retratos de O"Neill têm uma
característica no minimo curiosa, pois mostram o classicismo contido na arte formal
de retratar, e no entanto alcançam sucesso ao manter até as faces mais famosas
enraizadas num factual e psicológico aqui e agora. Desse modo O"Neill
subjuga a mera familiaridade deles, no caso da fama transbordar as proprias
imagens. Sem fazer concessões e permanecendo aberto o suficiente para deixar
que a força da personalidade do modelo tenha efeito na aparência da imagem, ele
captura aqueles que estão no ápice da fama desempenhando o papel deles
mesmos. Ironicamente, num de seus mais populares projetos, O"Neill
voltou suas lentes não para pessoas, mas para animais jovens. Inspirado nos
desenhos e histórias da Enciclopedia Columbia que leu quando criança,
O"Neill começou o projeto Zoobabies em 1991 (com um livro publicado no
mesmo ano). Traduzindo sua fascinação pela fisionomia humana ao explorar a
tendência de dar aos animais feições humanas, O"Neill produziu
imagens que vem encantando a todos por mais de 20 anos. Contudo, o
projeto preferido de O"Neill, e que vai continuar mantendo-o ocupado por um
longo período no futuro, é a exploração, em palavras e imagens, das origens e
essência da yoga e de sua prática espiritual oriental. No encalço de uma
carreira fotográfica que foi ocupada primeiro com a fisionomia de
"objetos", através da natureza morta, e depois de passar por vários
disfarces de fama e celebridade, O"Neill está agora pesquisando a
fisionomia da sabedoria e compaixão nas faces e comportamento dos grandes gurus
e professores destas antigas tradições. Este projeto foi em parte manifestado na
publicação do seu livro "On yoga the Architecture of Peace", editado
pela Taschen, e num filme documentário lançado em 2017.
Por: Galeria Mario Cohen