Exposição "Dissociação Coexistente" de André Miagui
Exhibition

Exposição "Dissociação Coexistente" de André Miagui

Exhibition

  • Nome: Exposição "Dissociação Coexistente" de André Miagui
  • Abertura: 16 de agosto 2024
  • Visitação: até 06 de setembro 2024

Local

  • Local: Casagaleria
  • Online Event: No
  • Endereço: Rue Fradique Coutinho, 1216 Pinheiros, São Paulo- SP

Dissociação coexistente

André Miagui (São Paulo, 1979)

 

Dissociação coexistente nos impele a interrogar a condição humana que, em tempos de crise, nos afasta da consciência, hipnotizando-nos no que se refere ao sentido da natureza humana, à vulnerabilidade diante da vida, à importância da solidariedade social, sugerindo a ideia que as culturas que vieram antes dissolvem-se e apagam-se na contemporaneidade, principalmente, por dois motivos situados pelas reflexões de André Miagui,- o uso da tecnologia, em sistemas de tentativa e erro, nos afasta das imagens inquietantes que impregnam nosso imaginário; por outro lado, uma cegueira metafórica nos interpela como cegueira moral e emocional, afligindo a sociedade atual, retratada no livro de Saramago, Ensaio sobre a cegueira, o qual, também, nos move a escrever essas ideias.

 

O diálogo estético de André inicia-se com algumas apropriações:- em Zeitgeist, de pinturas da História da Arte, renascentistas e modernas como, A moça com a pérola, de Johannes Vermeer (1632-1675) (Part 5), O homem com turbante vermelho, de Jan Van Eyck (1390-1441) (Part 7), ou As irmãs, de Abbott H Trayer (1949-1921) (Part 11). Toma, do termo alemão Zeitgeist, o significado de “espírito do tempo”, conceito conhecido pela obra de Hegel, em Filosofia da História (1837). Raízes do Brasil (1936), de Sergio Buarque de Holanda, oferece o título da segunda série, cujas cinco pinturas foram motivadas por um recorte do acervo de fotos do Museu Nacional - Rio de Janeiro, cuja temática volta-se para imagens de escravos libertos em funções na nova sociedade. 


O que geram essas apropriações?

 

A subjetividade poética do artista, o corpo no trabalho do fazer pictórico e procedimentos esmerados entrelaçam-se e geram a presente mostra:- Dissociação coexistente.

 

Part 5 re-apresenta a obra de Vermeer, Mulher com brinco de pérola. O olhar da personagem, lançado através de uma torção do rosto em direção ao observador, que a surpreende, lhe é negado duas vezes:- primeiro, pela placa-mãe que a impede de ver e em segundo, por interromper um possível diálogo entre os dois seres,- a moça e o transeunte que adentra seu espaço-tempo.

 

É isso que André está sublinhando em Zeitgeist:- o uso sem consciência da tecnologia que provoca-nos com um estado de cegueira metafórica, nos impossibilitando de sermos afetados por projetos futuros, numa dissolução da dialética entre aquele que vem de fora e um passado sem olhar, sem intenção.


Em Raízes do Brasil, 2024, André Miagui dialoga com as cegueiras paradigmáticas da nossa colonização, e identifica uma simbologia dos discursos controladores de necessidades básicas, sociais e educacionais, e da alienação que nossa sociedade brasileira ainda perpetua. 

 

Reyes de La Baura, é uma apresentação dramática da função do escravo negro “liberto”, portando dejetos dos senhores de engenho. Ao fundo, a moeda portuguesa de cabeça para baixo, reproduzida inúmeras vezes. E, por fim, o negro, na sociedade atual no seu dever de Gari, trata a sujeira, a impureza, o entulho, os detritos, enfim, a sobra deixada na rua pela sociedade sem empatia.


 

  Carmen S. G. Aranha

Service:

André Miagui

Dissociação Coexistente

Opening

16 de agosto - 18h

Exposição 19 de agosto - 6 de setembro

Texto crítico Carmen Aranha

Curadoria Loly Demercian

 

Rue Fradique Coutinho, 1216 Pinheiros, São Paulo- SP



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