Exposição “Nuno Ramos – Espectros (Cadeira 17)”
Exhibition

Exposição “Nuno Ramos – Espectros (Cadeira 17)”

Exhibition

  • Nome: Exposição “Nuno Ramos – Espectros (Cadeira 17)”
  • Abertura: 14 de novembro 2023
  • Visitação: até 19 de janeiro 2024

Local

  • Local: Anita Schwartz Galeria de Arte, Rio
  • Online Event: No
  • Endereço: Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea, Rio de Janeiro


Nuno Ramos – Espectros (Cadeira 17)



 

Em uma grande instalação institucional, que vai ocupar o salão central da Anita Schwartz Galeria, com 8 metros de pé direito, Nuno Ramos vai realizar uma peça teatral mecânica, com aproximadamente 50 minutos de duração, em um momento culminante de sua aproximação com a dramaturgia, presente ao longo de sua trajetória. As vozes que dão vida aos elementos cênicos – uma cortina vermelha, com cinco metros de altura, uma corneta militar e três cadeiras, escolhidas como personagens – foram retiradas e mixadas de mais de sete mil fragmentos de áudios pesquisados em arquivos históricos públicos e na internet. Entre elas, estão falas de grandes atrizes, jornalistas, ministros do Supremo Tribunal Federal, além de intelectuais e figuras de ponta da cultura brasileira. Há ainda a voz de um sujeito que pigarreia, engasga e tosse, e ainda de fragmentos de áudio do Brasil modernista, dos anos 1950 e 1960. Um sistema mecânico e automático de roldanas e contrapesos fará com que os objetos subam e desçam, em sincronia com as vozes. O título é alusivo a um trabalho do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), e à cadeira ocupada por Fernanda Montenegro, na Academia Brasileira de Letras.


Anita Schwartz Galeria de Arte, Rio

Abertura: 14 de novembro de 2023, das 19h às 21h

Até 19 de janeiro de 2024

Free entry


Anita Schwartz Galeria de Arte tem o prazer de convidar para a abertura, em 14 de novembro de 2023, das 19h às 21h, da exposição “Espectros (Cadeira 17)”, constituída por uma peça teatral mecânica de Nuno Ramos, em uma grande instalação que ocupará o espaço térreo expositivo, com oito metros de pé direito. A obra é um monumento culminante da aproximação do artista com o teatro, presente ao longo de sua trajetória.


Nuno Ramos conta que o título se refere à peça “Espectros”, do dramaturgo norueguês Henrik Ibsen (1828-1906), “onde o passado, o hereditário, o inevitável, não cessam de retornar”. “Este trabalho é uma homenagem ao teatro, e principalmente à Fernanda Montenegro”, diz o artista. “Seu discurso na cerimônia de posse na Academia Brasileira de Letras é uma das fontes e inspirações deste trabalho”. “Cadeira 17” é a cadeira ocupada desde março de 2022 por Fernanda Montenegro, na ABL.


Em um trabalho exaustivo e minucioso – “infernal”, observa Nuno Ramos – elevem se ocupando da elaboração desta obra há um ano. Para construir as falas dos personagens, o artista mixou mais de sete mil fragmentos de vozes, selecionadas em arquivos históricos e na internet, em uma extensa pesquisa. “É uma homenagem ao teatro, uma fantasmagoria. Lidar com vozes pré-existentes me deu uma liberdade maior para criar o texto. Elas falam o que querem, e eu tento fazer com que falem o que quero, e desta luta saiu meu texto”, explica.


O espaço expositivo se transformará em um palco, em que estarão, como elementos cênicos, uma cortina vermelha, com cinco metros de altura, três cadeiras e uma corneta militar. A cada um desses itens, ou personagens, será associado um conjunto de vozes. O movimento em cena será dado por um sistema mecânico e automático de roldanas e contrapesos, que farão com que cortina, cadeiras e a corneta subam e desçam. A cada um dos cinco objetos cênicos corresponde uma caixa de som, que será acionada quando o contrapeso que movimenta os objetos pousar sobre ela. “Trata-se de uma ‘Peça de Teatro Mecânica’, que funciona sozinha, como uma geringonça autônoma que não precisa de atores nem de espectadores”, diz Nuno Ramos”.


VOZES


São cinco grupos de vozes que darão vida a cada um dos elementos cênicos:


·                 Cortina: uma voz de comando, feita a partir de fragmentos de discursos de juízes do Supremo Tribunal Federal, e de áudios de jornalistas;

·                 Atrizes (Cadeira 3): uma “voz melancólica e fantasmática” – composta a partir de fragmentos de entrevistas e pequenos fragmentos de filmes, telenovelas e peças, encontradas em arquivos de teatro, desde a época da Atlântida e do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) – com o protagonismo de grandes atrizes. “É uma voz melancólica e fantasmática” diz Nuno. Ele ressalta, entretanto, que “a voz de Fernanda Montenegro (1929) é poderosa, ativa, propositiva”. As vozes das atrizes vão acionar uma antiga cadeira do Teatro Municipal de São Paulo.

·                 Profetas (Cadeira 4): uma “voz exaltada, delirante, feita a partir de pensadores e artistas que encarnam o País e o seu destino”.

·                 Brasil modernista, dos anos 1950 e 1960 (Cadeira 2): “voz em fuga, modal, feita a partir de entrevistas e de mínimos fragmentos de canções”.

·                 Engasgos (Cadeira 6): “voz de suspiros, tosse, fragmentos de palavras, ditos pelas personagens das demais caixas”.

·                 Corneta: toques e marchas militares, como a “Marcha da Alvorada”; “Descansar”; “Meia volta, volver” etc.


A “Peça” dura em torno de 50 minutos, e as sessões serão contínuas, com breves intervalos entre elas. Um monitor exibirá o texto, para que o público possa acompanhar as falas.


DESENHOS INÉDITOS


No segundo andar da Anita Schwartz Galeria de Arte estarão cinco desenhos inéditos de Nuno Ramos da série “Waiting For My Wings” (2022/2023), em carvão, pigmentos, pastel seco e cera sobre papel, com 1,50 x 1,50m.


TEATRO, PERFORMANCE, INSTALAÇÕES MONUMENTAIS


Ao longo de sua trajetória, Nuno Ramos – que também é escritor, compositor, e cineasta – tem incorporado situações de teatro em seus trabalhos. Suas instalações, muitas vezes em tamanho monumental, incluem falas, músicas, áudios com textos, escritos pelo autor e citados das mais diversas fontes, lidos por atores. Exemplos estão destacados abaixo.


Em 2006, no Instituto Tomie Ohtake, a instalação “Vai, Vai” trazia três jumentos carregando caixas de som, entre montes de feno, sal e barris cheios d’água. A cada elemento correspondia um texto, e trechos da canção “Se todos fossem iguais a você”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, formavam uma das vozes.

 

MAR MORTO – BARCOS DE PESCA E SABÃO DERRETIDO


Em 2009, na Anita Schwartz Galeria de Arte, Nuno Ramos fez a obra monumental “Mar Morto” (2009), composta por dois barcos de pesca, remodelados em toneladas de sabão derretido produzido no próprio local. Na proa de cada barco, uma caixa de som emitia a voz do ator Marat Descartes, ou de um coro, interpretando o texto “Mar Morto”, escrito por Nuno Ramos.


Em 2010, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a exposição “Fruto Estranho”, instalada no Salão Monumental do Museu, abrangia 20 toneladas, com aviões partidos sobre árvores, andaimes, e o lamento “Strange Fruit” (1939) na voz de Billie Holiday (1915-1959) – hino do movimento negro norte-americano – era a trilha sonora de uma cena de Max Von Sidow em “A Fonte da Donzela” (1960), de Ingmar Bergman (1918-2007).


Em 2016, Nuno Ramos convidou artistas, esportistas, intelectuais, médicos, advogados, ativistas e estudantes para lerem os 111 nomes dos detentos no Massacre do Carandiru, em 1992. A obra “111, Vigília – Canto Leitura” foi realizada por 24 horas seguidas dessas leituras, e transmitida ao vivo por canais em mídias digitais.  Anteriormente, Nuno Ramos havia feito dois outros trabalhos sobre o assunto: “111” (1992) e “O dia deles – 24 horas 111” (2012).


Em 2020, um cortejo de veículos se deslocou em marcha à ré da Avenida Paulista, em frente ao edifício da FIESP, ao Cemitério da Consolação. A performance incluía uma dramaturgia sonora composta, em parte, de sonoridades emitidas pelos veículos que remetem ao som de respiradores utilizados no tratamento de pacientes com coronavírus, que necessitavam de ventilação mecânica em unidades de terapia intensiva (UTI). No final, sobre o arco do Cemitério da Consolação, um trompetista tocava o hino nacional ao revés.


Em 2021, Nuno Ramos realizou vários trabalhos que se aproximaram do teatro: “Aos Vivos – Dito e Feito”, no Instituto Ling, em Porto Alegre, atores e atrizes reproduziam, exatamente como ouviam, entrevistas feitas por uma equipe nas ruas da cidade. A ação foi um desdobramento da série de performances Aos Vivos, iniciada em 2018.


O projeto A Extinção é Para Sempre, apresentou no Sesc SP, de maio de 2021 a maio de 2022, dentro do contexto da pandemia, obras que envolveram cinema, performance, literatura, teatro, artes visuais, dança e música: “Chama”, “Monumento”, “Chão-Pão”, “Iracema Fala” e “Os Desastres da Guerra”.


SISTEMA MECÂNICO E AUTOMÁTICO


Em fevereiro e março de 2023, Nuno Ramos fez a exposição “Opening”, na galeria Francisco Fino, em Lisboa, em que discutiu a ideia de monumentos e suas inaugurações a partir de um projeto pensado inicialmente para ser realizado em 2022, na Praça Princesa Isabel, em São Paulo, batizada de Cracolândia, e tendo no centro uma estátua em bronze de um general com espada em punho, a cavalo.O espaço da galeria portuguesa reproduziu a ideia de praça, com três instalações, cobertas por panos brancos, que cobriam um suposto monumento: “David”, “Gelo” e “Sopa”. Foi a primeira vez em que Nuno Ramos experimentou um sistema mecânico e automático, que fazia com que os panos subissem para descortinar as obras, e depois as cobrissem novamente, em um movimento continuado. Em “David”, havia uma réplica perfeita em mármore da base da escultura de Michelângelo, e uma caixa de som que transmitia uma entrevista do “David” fugitivo, encontrado boiando no rio Arno. O outro “monumento” descortinado era um prato de sopa de lentilhas. Seu “discurso de inauguração” era uma colagem de diversos “muito obrigado”, “thank you” e expressões semelhantes. Um bloco de gelo é o terceiro monumento, tendo como discurso inaugural uma colagem de sons associados ao ritual do “minuto de silêncio”, com trompas, pigarros, vento etc. Nas paredes, a obra “City Lights”, com uma sequência de 24 fotografias de frames de um segundo de um filme que mostra a inauguração de um monumento, no início do século 20.


Entre 2021 e 2022, Nuno Ramos passou dez meses em Berlim, onde participou de um programa no Wissenschaftskolleg (WiKo), o Instituto de Estudos Avançados da Faculdade de Ciências de Grunewald.


SOBRE NUNO RAMOS


Nuno Ramos nasceu em 1960, em São Paulo, onde vive e trabalha. Formado em filosofia pela Universidade de São Paulo, é pintor, desenhista, escultor, escritor, cineasta, cenógrafo e compositor. Começou a pintar em 1984, quando passou a fazer parte do grupo de artistas do ateliê Casa 7. Desde então tem exposto regularmente no Brasil e no exterior. Participou da Bienal de Veneza de 1995, onde foi o artista representante do pavilhão brasileiro, e das Bienais Internacionais de São Paulo de 1985, 1989, 1994 e 2010. Em 2006, recebeu, pelo conjunto da obra, o Grand Award da Barnettand Annalee Newman Foundation. Desde os anos 1980, participa de diversas exposições no Brasil e no exterior.


·                 Escritor – Lançou em agosto passado o livro de poemas “Jardim Botânico” (Todavia, 2023), e já publicou “O mau vidraceiro” (2010), “Ó” (2008), “Ensaio geral” (2007), “O pão do corvo” (2001) e “Cujo” (1993).

·                 Cineasta – Roteirizou e codirigiu com Clima, em 2002, os curtas-metragens “Luz negra (Para Nelson 1)” e “Duas horas (Para Nelson 1)” . Em 2004, roteirizou e dirigiu o curta “Alvorada”. Roteirizou e codirigiu com Clima e Gustavo Moura o curta “Casco”, também em 2004, e “Iluminai os terreiros”, em 2006.

·                 Compositor – Nuno Ramos é ainda um ativo compositor, com 87 fonogramas registrados, desde 1982, quando Belchior gravou “Ma”, uma parceria com Arnaldo Antunes. De lá até agora, Nuno Ramos tem tido como parceiros mais constantes Rômulo Fróes e Clima. Músicas suas já foram gravadas por Gal Costa, Nina Becker, Verônica Ferriani, Leila Pinheiro e Ná Ozzetti. Em 2015, Mariana Aydar gravou o CD “Pedaço duma Asa”, com músicas de Nuno Ramos e Clima. Em 2009, ela já havia gravado “Tudo que eu Trago no Bolso” e “Manhã Azul”, em seu CD “Peixes, Pássaros, Pessoas”. Com Rodrigo Campos, é autor de dez sambas, gravadospelo compositor, junto com Juçara Marçal e Gui Amabis nos dois CDs “Sambas do Absurdo”, Vol. 1 e 2 (2017 e 2022). Em 2021, Rômulo Fróes gravou “Baby Infeliz”, composição dele com Jards Macalé, Guilherme Held e Nuno Ramos. No mesmo digital single “Aquele Nenhum”,está “Ó Nóis” (2021), dele com Nuno Ramos, Alice Coutinho, Clima, Jards Macalé, Guilherme Held, Marino Pinto, Zé da Zilda, Marcelo Cabral e Peterpan. Nuno Ramos compôs, com Thiago França, “Pé”, para o CD “Gira – Trilha Sonora Original do Espetáculo do Grupo Corpo”, em 2017, cantada por Elza Soares e Metá Metá.

·                 Prêmios – Recebeu em 2009, o Prêmio Portugal Telecom de Literatura por “Ó”. Em 2006, ganhou o Grant Award da Bernettand Annalee Newman Foundation; o 2º Prêmio Bravo! Prime de Cultura, Artes Plásticas — Exposição; e o Prêmio Mário Pedrosa — ABCA — Associação Brasileira de Críticos de Arte. Em 2000, venceu o concurso El Olimpo — Parque de La memoria, para a construção, em Buenos Aires, de monumento em memória aos desaparecidos durante a ditadura militar argentina. Em 1987, recebeu a 1ª Bolsa Émile Eddé de Artes Plásticas do MAC/USP. E, em 1986, o PaintingPrize, 6th New Delhi Triennial, Nova Déli, Índia.



Serviço:

Exposição “Nuno Ramos – Espectros (Cadeira 17)”

Anita Schwartz Galeria de Arte, Rio

Abertura: 14 de novembro de 2023, das 19h às 21h

Até 19 de janeiro de 2024

Rua José Roberto Macedo Soares, 30, Gávea, 22470-100, Rio de Janeiro

Telefones: 21.2274.3873 | 2540.6446 | 99603-0435 (whatsapp)

Segunda a sexta, das 10h às 19h, e aos sábados das 12h às 18h

Free entry

www.anitaschwartz.com.br




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